Da “masculinidade tóxica” ao “homem desconstruído”: humor de gênero e consumo de ativismos na série Homens?
Resumo
O objetivo do presente artigo é compreender como se articulam e negociam sentidos de masculinidade na série televisiva brasileira Homens?, bem como analisar de que maneiras a mobilização de tais representações gera efeitos de humor. Criada por Fábio Porchat, a série assume a masculinidade como objeto de seu próprio discurso, apresentando a trajetória de personagens que se locomovem entre “velhas” e “novas” identidades. Com base em aportes da Análise do Discurso, discutimos como a produção tensiona parcialmente convenções da masculinidade hegemônica e recorre a diferentes estratégias discursivas a fim de produzir comicidade. Dessa forma, a série elege a “masculinidade tóxica” como objeto de riso, evidenciando redefinições no campo do humor a partir da incorporação de uma perspectiva de consumo ativista.
Palavras-chave
Masculinidades, humor, comunicação audiovisual, consumo de ativismos
Biografia do Autor
Eliza Bachega Casadei
Profesora Titular del Programa de Pos-Graduación en Comunicación y Prácticas del Consumo de la Escola Superior de Propaganda e Marketing (PPGCOM-ESPM). Doctora en Ciencias de la Comunicación por la Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).
Nara Lya Cabral Scabin
Profesora del Programa de Pos-Graduación en Comunicación de la Universidad Anhembi Morumbi (São Paulo, Brasil) y estudiante de posdoctorado en Comunicación y Prácticas de Consumo en la Escuela Superior de Publicidad y Marketing (São Paulo, Brasil).Tiene un doctorado y una maestría en Ciencias de la Comunicación por la Escuela de Comunicaciones y Artes de la Universidad de São Paulo y una graduación en Comunicación Social con habilitación en Periodismo por la misma institución. Actualmente es coordinadora del Grupo de Investigación “Comunicación, Medios y Libertad de Expresión”, de la Sociedad Brasileña de Estudios Interdisciplinarios de Comunicación (Intercom); es líder del Grupo de Investigación Representaciones, Mediaciones y Humor en la Cultura Audiovisual (Universidad Anhembi Morumbi/CNPq); y es miembro de MidiAto – Grupo de Estudios de Lenguajes: Prácticas Mediáticas (Universidad de São Paulo).
Referências
- Albrecht, M. (2015). Masculinity in contemporary quality television. London: Routledge.
- Amendola, B., & Godinho, R. (2020, 5 de maio). “Fábio Porchat expõe machismo e abre espaço para feminismo em ‘Homens?’. Uol, online. Recuperado de https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/05/fabio-porchat-expoe-machismo-e-abre-espaco-para-feminismo-em-homens.htm
- Bakhtin, M. (2010). A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec.
- Brandão, A. (2019, 18 de março). Homens?: “Não é uma ‘lacromédia’, não queremos lacrar, a gente quer ser engraçado”, diz Fábio Porchat. Adoro Cinema, online. Recuperado de http://www.adorocinema.com/noticias/series/noticia-146955
- Butler, J. (2019). A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. Belo Horizonte: Autêntica.
- Casadei, E. B., & Kudeken, V. S. F. (2020). A masculinidade tóxica no discurso da saúde pública: estratégias de convocação dos homens em campanhas do SUS. Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde, 4 (14), 912-925. doi: 10.29397/reciis.v14i4.2094.
- Cuklanz, L., & Erol, A. (2021). The Shifting Image of Hegemonic Masculinity in Contemporary U.S. Television Series. International Journal of Communication, 1 (15), 545–562.
- Domingues, I., & Miranda, A. P. (2018). Consumo de ativismo: moda, discurso, mercadorias. Em Anais do Congresso Internacional Comunicação e Consumo. Congresso Internacional de Comunicação e Consumo, ESPM, São Paulo, Brasil.
- Eagleton, T. (2020). Humor: o papel fundamental do riso na cultura. Rio de Janeiro: Record.
- Extra. (2019, 13 de março). Fábio Porchat sobre cena da série ‘Homens’: ‘Fico pelado. Dá para ver o órgão’. Jornal Extra, online. Recuperado de https://extra.globo.com/tv-e-lazer/fabio-porchat-sobre-cena-da-serie-homens-fico-pelado-da-para-ver-orgao-23518776.html
- Fontenelle, I. A. (2017). Cultura do consumo: fundamentos e formas contemporâneas. Rio de Janeiro: FGV Editora.
- Gill, R. (2007). Gender and the media. Cambridge: Polity.
- Gymnich, M. (2010). Gender in audiovisual media. Em Gymnich, M. et alii. Gendered (Re)Visions: Constructions of Gender in Audiovisual Media. Bonn: Boon University Press.
- Hanke, R. (1998). The ‘Mock-macho’ situation comedy: hegemonic masculinity and its reiteration. Western Journal of Communication, 1 (62), 74-93.
- Lemos, L. P. (2020). Complexidade narrativa na série Homens?: estudo baseado em técnicas de decupagem e categorização. Rumores, 14 (28), 1-22. Recuperado de https://www.revistas.usp.br/Rumores/article/view/174396
- Milner, M. (2020). Masculinidades ameaçadas: o pornô de vingança como prova de virilidade. CSOnline – Revista Eletrônica de Ciências Sociais, (31) 324-344. doi: 10.34019/1981-2140.2020.30601
- Neville, P. (2009). Side-splitting masculinity: comedy, Mr. Bean and the representation of masculinities in contemporary society. Journal of Gender Studies, 1 (18), 231-243.
- Norris, P.; Inglehart, R. (2019). The cultural backlash theory: eroding the civic culture. Em Norris, P., & Inglehart, R. Cultural Backlash: Trump, Brexit and authoritarian populism. Cambridge: Cambridge University Press.
- Padiglione, C. (2020, 2 de junho). Melhor série do ano até aqui, ‘Homens?’ encerra 2ª temporada. Folha de S. Paulo, online. Recuperado de https://telepadi.folha.uol.com.br/melhor-serie-do-ano-ate-aqui-homens-encerra-2a-temporada/
- Possenti, S. (2018). Cinco ensaios sobre humor e análise do discurso. São Paulo: Parábola.
- Prado, J. L. A. (2013). Convocações biopolíticas dos dispositivos comunicacionais. São Paulo: EDUC/FAPESP.
- Prisco, L. (2020, 13 de maio). Homens?, de Fábio Porchat, aprofunda debate sobre machismo na 2ª temporada. Metrópoles, online. Recuperado de https://www.metropoles.com/entretenimento/televisao/homens-de-fabio-porchat-aprofunda-debate-sobre-machismo-na-2a-temporada
- Prudêncio, N. E. (2020). Empoderamento e biopolítica nos feminismos midiáticos de Mulher-Maravilha e Capitã Marvel. Tropos: Comunicação, Sociedade e Cultura, 2 (9). Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/tropos/article/view/3957
- Rocha, G. G. (2017). Inversão de realidade e ironia: o humor nas crônicas de Porchat. Mandinga: revista de estudos linguísticos, 2 (1), 38-57.
- Scabin, N. L. C. (2018). Politicamente correto, uma categoria em disputa. Curitiba: Appris.
- Thompson, J. L. (2015). Nothing suits me like a suit: performing masculinity in How I Met Your Mother. The International Journal of Television Studies, 2 (10), 21-36.
- Vilanova, B. (2020, 13 de abril). Porchat explora universo feminino e foge da ‘lacromédia’ na 2ª temporada de ‘Homens?’. Folha de S. Paulo, online. Recuperado de https://f5.folha.uol.com.br/cinema-e-series/2020/04/porchat-estreia-2a-temporada-de-homens-explorando-universo-feminino-e-fugindo-da-lacromedia.shtml