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Hipervigilancia y fake news: : ecos de la telepantalla y de la desvirtuación de la realidad de '1984' en el negacionismo contemporáneo

Resumo

O falseamento de realidade assume proporções desmedidas e virais na era da comunicação e do compartilhamento com consequências nocivas para a sociedade. O negacionismo e as chamadas fake news não são inéditos em nossa cultura, mas encontram nas redes sociais de relacionamento e na internet uma arquitetura e uma lógica de funcionamento que potencializam e facilitam sua disseminação. Vamos explorar como na atual cultura hiperconecada da hipervigilância encontramos ecos da ficção distópica de George Orwell, 1984, no que concerne ao manejo e falsificação de narrativas a serviço de ideologias e interesses próprios. No livro 1984 o autor apresenta uma sociedade dominada por um estado totalitário representado pelo Grande Irmão, que vigiava seus cidadãos através da “teletela” e fabricava as suas próprias notícias através do Ministério da Verdade, enquanto que na sociedade hodierna digital os próprios usuários conectados se habilitam a portar voluntariamente suas “teletelas” nas quais se ofertam ao controle e através das quais acessam a possibilidade de cada indivíduo fabricar e disseminar as suas próprias verdades e narrativas. Desenvolveremos uma pesquisa teórica para investigar como os dispositivos tecnoculturais da era da informação e da hipervigilância favorecem a produção de fake news e falseamentos da realidade, que ensejam e sustentam os desmentidos e o negacionismo contemporâneos. Observamos em nosso estudo como, em uma sociedade infômana, a intervigilância é um elemento naturalizado e mesmo desejado nas práticas comunicacionais e de sociabilidade, ensejando a oferta e adesão dos usuários das redes a um controle social superpanóptico. A vida compartilhada em redes virtuais fomenta a produção de dados e informações nos âmbitos individuais, sociais, profissionais, políticos, econômicos, na sociedade datificada às quais os indivíduos voluntariamente aderem. Essa datificação e produção de informação não exigem veracidade ou verificação de seu conteúdo, criando um campo propício a falseamentos de verdade e fake news.

Palavras-chave: hipervigilância, fake news, teletela, negacionismo

Palavras-chave

Hipervigilancia, fakenews, telepantalla, negacionismo.

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Biografia do Autor

Regina Glória Nunes Andrade

Doutora, professora titular, Vice coordenadora do projeto Vidas Paralelas Migrantes UNB-UERJ, Université Paris NORD ( Paris XIII); Coordenadora do ÂNCORA - Grupo de pesquisas sobre Territórios Sociais( CNPq-UERJ); Presidente do IX Colóquio Internacional Fronteiras abertas; Pesquisadora Visitante Emérita da APERJ; http://lattes.cnpq.br/7464026573034856


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