Para uma prática de semiótica como instrumento de intervenção social

Resumo

O artigo parte do questionamento da auto-referencialidade da disciplina, muitas vezes acusada de hermetismo intelectual, e propõe levar essas acusações a sério, a fim de reconhecer que a semiótica deve ser removida de sua auto-absorção. Para isso, parte da questão "o que é uso da semiótica?", Retornando à já conhecida definição de semiótica Juan Ángel Magariños de Morentín (2008), destacando-se a operabilidade que o lança no mundo. í‰ através das operações, e não apenas através de conceitos, que se pode explicar os significados que regem um momento histórico particular na vida de uma determinada sociedade. Assim, a semiótica se torna o instrumento metodológico dotado de rigor científico específico para analisar significados reais e, em especial, colaborar na transformação da instituição social, uma função enactiva que permite a postulação da semiótica como uma natureza socialmente definidora. O artigo também toma emprestado de Cornelius Castoriadis o conceito de imaginário social e a oposição da maioria institucional / maioria instituída (1983, 1989) para analisar dois aspectos do imaginário social instituído contemporâneo que condicionam as modalidades através das quais nos referimos em nossa existência diária: a marca e a publicidade. Encontramo-nos na presença de um imaginário propriamente imaginado: uma falta imaginária de espessura simbólica, que não está incorporada a uma verdade social que todos devemos respeitar, mas permanece na superfície de sua própria natureza imaginária. Para isso, uma semiótica da intervenção social deve ser direcionada para a revelação, através desta prática, da natureza institucional de ações sociais e individuais aparentemente inócuas, a não-verdade que existe nelas.